domingo, 1 de novembro de 2009

GREEN BUILDINGS

GREEN BUILDINGS
A natureza como fonte de inspiração

>>> Novos prédios utilizam recursos sustentáveis para a conservação do meio ambiente

por Gustavo Mendanha [gustavo.mendanha@hotmail.com]

O termo ainda vive no Brasil os primeiros dias de uma nova era: a da sustentabilidade. Não bastassem as campanhas de publicidade milionárias em prol do planeta, divulgadas com freqüência nos meios de comunicação, agora é a vez de a construção civil embarcar nessa revolução verde, que atravessa os quatro cantos do globo e leva consigo uma nova proposta: diminuir os resíduos lançados no meio ambiente.

A moda das construções sustentáveis surgiu na década de 1990, porém, ganhou força na entrada do novo milênio, quando autoridades mundiais e líderes de ONGs ambientalistas começaram a apontar suas preocupações com o planeta, iniciando uma série de campanhas de proteção à biodiversidade e combate ao aquecimento global. Com isso, diversos setores da economia tiveram que se adequar às novas exigências do Protocolo de Quioto e outros tratados e normas internacionais em favor do meio ambiente.

Nos dias de hoje, o conceito Green Building – ou Prédio Verde, na tradução literal – está associado aos princípios do desenvolvimento sustentável colocados em prática em todos os processos de uma construção. Ou seja, a ideia é levantar prédios para fins diversos, mas que utilizem materiais e tecnologias de impacto reduzido no meio ambiente, desde a concepção do projeto até a operação desse edifício. Este conceito sugere a conservação da água e das energias, o reuso de materiais, e estabelece a sustentabilidade na cadeia de produção, levando em conta aspectos culturais e sociais dos países que o adotam.

>>> CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS
No Brasil, dois megaprojetos corporativos considerados “ecologicamente corretos” já passam a fazer parte do contexto urbanístico das duas maiores cidades do país: o Ventura Corporate Towers, no centro do Rio de Janeiro; e o Rochaverá Corporate Towers, localizado numa área valorizada de São Paulo. Ambos os projetos foram desenvolvidos pela empresa Tischmann Speyer do Brasil, considerada uma das maiores empresas de desenvolvimento imobiliário do mundo, e que foi responsável pela revitalização e construção de ícones épicos como o Sony Center, em Berlim, e o Rockefeller Center, em Nova Iorque.

O empreendimento da capital paulista – que possui quatro torres de escritórios e tem geração própria de 100% da energia necessária para seu abastecimento – utilizou material reciclado, como madeira certificada e aço para sua construção, e conta até com um acervo de obras de arte a céu aberto em uma de suas praças. Já o do Rio – que possui duas torres com 36 pavimentos, além de contar com um sistema de reaproveitamento da água das chuvas para irrigação – apresenta pano de vidro em grande parte de suas fachadas e elevadores inteligentes.

De acordo com o gerente de Projeto da Tischman, Flávio Rios, estão previstos muitos lançamentos corporativos com o conceito Green Building no Brasil. “Trata-se de uma necessidade global. Grupos multinacionais e grandes companhias nacionais comprometidos com o meio ambiente têm, por uma questão de coerência, que funcionar em prédios e instalações sustentáveis. A procura por esses espaços é enorme no Brasil”, afirma Rios.

Já para Gian Carlo Gasperini, sócio-diretor da Aflalo & Gasperini Arquitetos – empresa que assina o projeto arquitetônico do edifício Rochaverá e do faraônico Eldorado Business Tower –, “o conceito Green Building está consolidado dentro das tendências de projeto, e é irreversível. O mercado imobiliário brasileiro está reagindo favoravelmente a este produto”, destaca.

>>> SELO LEED
Inaugurada em janeiro do ano passado, em Cotia, na Grande São Paulo, uma agência do Banco Real tornou-se a primeira edificação da América Latina a receber o selo Leed – sigla inglesa para Liderança em Energia e Design Ambiental. O selo foi criado pelo conselho norte-americano de construção sustentável Green Building Council (GBC), que possui representação em São Paulo, e atesta os empreendimentos considerados ecológicos no mundo todo. Para recebê-lo, o projeto de construção tem que atender a critérios que englobam fatores como o tipo de terreno adequado para o empreendimento, eficiência energética, reciclagem, economia de água, qualidade do ar interno e inovação.

Segundo o presidente do Conselho Deliberativo do GBC Brasil, Thassanee Wanick, a missão da instituição é “promover o projeto e a construção de edifícios que possuam baixo impacto ambiental e assegurem boas condições de ocupação, além de gerarem maior retorno econômico”.

>>> DIFERENÇAS ENTRE OS TIPOS DE CONSTRUÇÃO
Os prédios convencionais produzem um índice de poluição dez vezes maior que o das indústrias, e 50% maior que o dos carros. No geral, o que eles consomem de água, energia elétrica e gás de cozinha contabiliza 31% da emissão anual do gás causador do aquecimento global, além do gás que já é liberado pelo lixo diário. O executivo do GBC Brasil diz que as construções sustentáveis geram uma redução de 35% das emissões de gases do efeito estufa ao longo de sua vida útil. Para Wanick, “A grande meta hoje é mexer na legislação para que o prédio ‘verde’ pague menos impostos”.

O estilo Green Buildings tem despertado a admiração de muitos incorporadores, investidores e consumidores no país. Hoje, segundo o GBC Brasil, há dezenas de projetos de construção civil submetendo-se à análise do Conselho, fato que leva o presidente da Bamberg Consultores de Imóveis, Michael Bamberg, dizer que “o Brasil é a bola da vez, hoje e nos próximos anos”, no que diz respeito a investimentos nesse mercado.

Tabela: critérios para a obtenção do selo Leed e seus respectivos pesos na avaliação do GBC.


GREEN BUILDINGS NO MUNDO
Muitos empreendimentos imobiliários no mundo já aderiram aos novos conceitos da construção sustentável. Há exemplos pioneiros em diversas partes do globo, como em Londres. Um arranha-céu na capital britânica gasta a metade da energia de um prédio comum. Para realizar este feitio, o prédio utiliza 5,5 mil paineis de vidro como suas paredes, o que gera um aproveitamento total da luz solar. Há também um computador que controla a abertura e o fechamento das janelas e paineis, variando de acordo com a intensidade do vento e dos raios do sol.

Em Nova Iorque, o edifício Condé Nast Building reúne vários tipos de energia alternativa, como paineis fotovoltaicos para captação da luz solar; aquecedores a gás natural; e duas células combustíveis movidas a hidrogênio, que produzem eletricidade na cobertura do prédio. À noite, toda a energia elétrica usada vem do próprio edifício, o que gera uma média de economia mensal de 40%.

Já em Tóquio, um prédio possui 1.896 paineis solares, que geram um total de 214 kW/h. Essa quantidade paineis é o bastante para abastecer mais de dez andares e livrar a atmosfera do despejo de 97 toneladas de dióxido de carbono por ano. Além desses benefícios, o prédio ainda aproveita água da chuva para a limpeza e também para alimentar o sistema de ar condicionado.

Contudo, o mundo precisou viajar milhões de anos-luz para descobrir que a mesma tecnologia que pode ter contribuído para sua autodestruição, poderá também ser a responsável pelo restabelecimento da ordem natural do meio ambiente. O estilo de desenvolvimento praticado até o século XX apresentou-se de forma insustentável. Que legado será deixado às gerações vindouras? A partir de agora, salvar o planeta passa a ser a missão do terceiro milênio.

Um comentário:

  1. Poisé, meu caro Gustavo,

    Quando rolou o "Apagão", o quarto nos últimos dez anos, lembrei logo da importância das construções sustentáveis.

    Se cada prédio residencial tivesse sua independência energética, especialmente através de energias limpas, quantos transtornos teríamos evitados?

    Fala-se muito no apagão em si, mas desse problema nem os países de primeiro mundo estão livres. Nós, entretanto, podemos reduzir os transtornos sabendo viver em harmonia com a fantástica natureza brasilis.

    Abraço,
    Rogério Alvarenga.

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